Conquista

Ana estava jogada em sua cama, olhando para o teto, a divagar. Porque os homens não conseguem dominar a arte de conquistar uma mulher? Por que se perdem em mentiras, frases prontas, clichês? Porque são tão predadores?

A primeira resposta que lhe passou pela mente foi: eles são assim porque não querem realmente conquistar. Querem apenas sexo. Mas, esta resposta não fazia sentido, não era verdadeira. Ela conheceu homens que foram apaixonados por ela. E, mesmo estes caras, não foram bons na arte de conquistar.

Será que o problema era ela? Será que Ana era exigente demais?

Ana então começou a devanear, imaginando o sedutor perfeito. Como ele seria?

Primeiro: Seria alguém preocupado com a própria imagem. Não um narcista. Não. Simplesmente alguém que se preocupa em estar sempre apresentável.

Segundo: Conteúdo. Não poderia ser uma caixa vazia. Linda por fora e sem nada por dentro. Deveria ser culto, sem ser chato e cansativo. Deveria falar de sentimentos, de problemas sociais, de pessoas, filosofia, arte, poesia, música... Não precisaria ser um especialista ou ter um conhecimento muito profundo nestas áreas. Não. Precisaria apenas saber que estas áreas existem e saber o suficiente para manter uma conversação inteligente e agradável.

Terceiro: Nada de mentiras ou clichês. Nada de frases prontas. Nada de falar o que todos os outros falam. O conquistador perfeito entenderia que cada mulher é única e ressaltaria as características únicas de Ana. Notaria suas preferências, suas singularidades. Prestaria atenção no que ela fala. E saberia o momento certo de usar estas informações.

Quarto: Inteligência emocional. Sim. Nada de crises existênciais ou inconstância. Nada de grosserias. Seria alguém com bom humor e saberia lidar com os problemas e conflitos para não se estressar sem motivo. Claro que todo mundo tem um "dia de fúria", mas que ele saberia conversar sem ser hostil com ela. Se o cara, no momento da conquista, é grosseiro, se irrita com tudo, imagina depois de um tempo de relacionamento???

Quinto: Criatividade. Mais uma vez, não faria a mesma coisa que todos os outros fazem. Surpreenderia. Instigaria. Se mostraria alguém interessante.

Sexto: ATITUDE!!! Nada seduz mais uma mulher do que um homem que sabe o que quer e vai de encontro a isso. Que tem atitude. Que diz o que pensa. Direto e objetivo.

Sétimo: Saberia dar um passo de cada vez. Ter atitude não significa ir para cima da mulher como um predador atacando sua presa. Não. Conquistar é cativar. Criar laços, como ensinado no livro "O Pequeno Princípe". É um processo lento, que exige paciência, foco e responsabilidade. Responsabilidade? Sim, porque como diz o livro já citado "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativa". Só conquistaria uma mulher se estivesse mesmo apaixonado por ela. Conquistar por hobby, por ego é sinal de imaturidade. O sedutor perfeito não é imaturo.

Oitavo: Gostaria de sexo. E muito. Mas sem ser vulgar.

Quanto mais Ana sonhava de olhos abertos, mais claro ficava para ela porquê estava sozinha até então. Sim, o problema era mesmo ela. Não, ela não era exigente demais. Era INOCENTE demais... Inocente demais por esperar que existam mesmo princípes encantados andando por aí. Ana finalmente percebeu: a pessoa que ela queria, esperava, desejava não existia. Alías, existia sim. Mas apenas dentro de sua própria mente...

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