Textos Inacabados

"O primeiro a escrever versos em folhas secas para o acaso levar. De que me adianta anotar frases que não vou usar?

Linda, já não faz diferença..."
(Linda, a dor não é tão glamurosa assim afinal - Dance Of Days)



TEXTO I

Ela havia sido avisada. Várias vezes. De várias formas. Por várias pessoas diferentes.
Mas, como dizem, o pior cego é aquele que não quer ver, ou no caso dela, o pior surdo é aquele que se recusa a ouvir.
Ela se recusou a ouvir. Se deixou enganar. Talvez por carência, talvez por comodismo, talvez por imaturidade ou simplesmente por que não queria acreditar.
E seguiu se enganando. Seguiu vendo nele a pessoa que ela queria ver, a pessoa que ela gostaria que ele fosse, o príncipe encantado que agia como seu guardião, seu protetor...
Contrariou a sua própria lógica e foi arrastando uma situação que não deveria ser arrastada, um relacionamento que só existia na cabeça dela...E para quê? Para no final ver que se enganara todo o tempo... que as pessoas realmente estavam certas... que ela mesma estava certa em todas as vezes que admitira para si mesma que não deveria continuar.
No fim ele se mostrara mais um como todos os outros... Alguém egoísta e preocupado consigo mesmo... Talvez pior do que todos os outros...

TEXTO II

Veio do nada.
Não sei de onde surgiu.
E se foi da mesma forma,
sem dizer adeus.
Tudo isso aconteceu?
Ou foi apenas um sonho meu?
Uma ilusão?
Será?

TEXTO III

Dalila se preparava para ir dormir. Terminou de se vestir, apagou a luz. Deitou. E foi invadida por uma sensação de paz e amor que há muito não sentia. Mas a sensação lhe era extremamente familiar...
Dalila conhecia aquela sensação. Embora tivesse sido tomada por ela apenas uma vez, era uma sensação tão intensa, tão conhecida. E tão aconchegante. Era um retorno ao lar. Não a sua casa de infância. Não. Era um retorno ao verdadeiro lar.
Ela então fechou os olhos e ficou apenas sentindo. Esta sensação começava no coração. Era quente, mas agradável, como um sol de fim de tarde. Era como se seu coração não apenas estivesse aquecido, mas estivesse também se expandindo. Era como se um sentimento de amorosidade transbordasse do coração para o resto do corpo, espalhando-se por todas as suas células.
Não. Não era apenas o coração que se expandia. Era seu Ser, sua alma. Dalila toda se expandia, como se aumentasse de tamanho, como se não tivesse mais limites. Tocava o infinito. A Fonte. Acessava algo muito maior que si mesma e continuava se expandindo. E essa sensação de expansão e amorosidade trazia uma paz incomparável.

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